A perspicácia¹ é a habilidade de obter por meio da razão e dos sentidos a essência de um determinado ambiente que esteja sendo observado ou vivenciado; e a essência é a verdadeira realidade de um certo ambiente, ou seja, o conhecimento completo do meio observado ou vivenciado. Essa essência é formada por um conjunto de causas seguidas pelos seus efeitos, causalidades, que podem ser entendidas como um conjunto de situações que formaram o ambiente investigado. Esse é o conceito de perspicácia que defino diferente do senso comum, e caso ele seja adotado e bem utilizado poderá proporcionar ao indivíduo uma visão panorâmica sobre os fatos do cotidiano.
Estudar as essências significa investigar os ambientes com intuito de obter todo conhecimento das relações causais, ou seja, adquirir o maior número de informações sobre como os ambientes que estão sendo investigados se formaram. Sendo que essas informações devem ,primeiramente, ser adquiridas por meio de hipóteses pessoais (Abduções) que tentem explicar aquele ambiente da melhor forma possível ou, também, por testemunho de terceiros, mas sempre visando a melhor explicação. Posteriormente, é importante tentar afastar todo preconceito pessoal e, caso surja, questionar todas as opiniões de terceiros. Por fim, utilizar os sentidos, auxiliados de instrumentos, para fazer experimentos com as teorias construídas. No entanto, todas as explicações devem derivar de experiências reais – seja ela direta, adquirida pelo próprio investigador por meio de suas experiências de investigações de outros ambientes, ou indireta: adquirida através do estudo da história da humanidade, jornais, outras pessoas etc. Por conseguinte, os resultados adquiridos nessas novas investigações, as essências dos ambientes, poderão ser utilizados como uma forma de ataque ou defesa contra as pessoas que tentarão nos enganar a cerca dos ambientes vivenciados. Isso, portanto, evitará possíveis adversidades como: manipulações, frustrações, sofrimentos etc.
A essência de um determinado ambiente não pode ser considerada uma verdade absoluta (Indução) que sirva para explicar outros ambientes semelhantes, pois ela varia de acordo com o contexto de cada situação, mesmo que o ambiente ou situação seja aparentemente igual. Por exemplo, o namoro de Maria terminou por causa do ciúmes exagerado do seu namorado, mas o namoro de João, apesar do ciúmes extrapolado de sua namorada, terminou por outro motivo. Essa degenerescência, quando a essência de um determinado ambiente semelhante varia, pode acontecer por dois motivos, primeiro, contextos diferentes; segundo, porque o ser humano é facilmente manipulado pelas suas próprias necessidades, acaba interpretando cada fato de acordo com sua carência. A partir disso ele cria uma falsa verdade sobre o ambiente vivenciado. E quando esta atinge um grande número de pessoas, ela facilmente pode se transforma em uma epidemia, por exemplo, um fanatismo político ou religioso. Por isso que é importante, antes de chegar a qualquer conclusão, tentar afastar todo o preconceito acerca do ambiente investigado.
Para não deixar o leitor confuso sobre o assunto, procurei elaborar uma história, que será apresentada no parágrafo seguinte, com intuito de esclarecer o conteúdo, para que em seguida pudesse ser utilizada por analogia com os fatos do cotidiano, e, logo em seguida, após a leitura das explicações posteriores, gostaria que o leitor, por gentileza, refletisse profundamente sobre todo conteúdo apresentando, e, finalmente, concluísse se existe coerência ou não nesse pensamento.
Portanto, agora, imagine um grupo de pessoas que após um naufrágio no oceano atlântico nadaram em direção à ilha mais próxima, sendo que nela havia uma grande montanha no centro que só de vista trazia espanto e medo para subi-la, devido ao seu grande tamanho e suas inclinações intensas, e depois de caminharem por horas em busca de ajuda e alimentos, que de nada adiantou, decidiram, então, repousarem na margem da ilha cujo eles chegaram à espera de socorro. Dia após dia se passava e nenhum tipo ajuda aparecia. Como consequência, o desespero surgia e crescia em cada um deles, pois os efeitos da desidratação pela falta de água e alimentos ricos em sais minerais pioravam os seus estados. Até que no dia seguinte, uma pessoa do grupo disse que havia tido um sonho em que todos tinham chegado ao topo da grande montanha onde encontraram várias árvores de frutos e água fresca. Eles no início acharam uma loucura tal sonho, mas aos poucos estava surgindo vontade em cada um deles de subi-la, pois a pessoa que teve o sonho procurava a todo o momento sussurrar nos seus ouvidos dizendo que apesar aparentar ser uma situação temerária seria melhor arriscar do que ficar esperando por um socorro que jamais iria chegar. Finalmente, persuadidos, todos foram em direção ao destino, menos uma pessoa (O perspicaz) que falou a todos que seria melhor esperar por socorro do que antecipar a morte por falta de esperança; ora, todos estavam bastante debilitados, e tentar subi-la seria para ele a mesma coisa que cometer suicídio. Dois dias depois, um helicóptero estava decolando pela região e avistou uma pessoa na margem da ilha quase desfalecida, imediatamente o helicóptero procurou pousar na areia, socorreu o sobrevivente e perguntou se havia outras pessoas na ilha, então ele disse que todos tinham ido para a montanha em busca de água e alimento no seu topo; após a decolagem em direção a ela, não demorou muito para se encontrar os corpos, daqueles que se deixaram levar pelas ilusões dos sentidos, que são causadas pelas necessidades humanas, nos primeiros metros, daquele temido lugar, cheios de urubus nos seus arredores.
Apesar dessa história ser uma ficção, os princípios que a formaram, ou seja, as causas e os seus efeitos, são fatos verídicos que acontecem de forma semelhante e natural em nossa sociedade. Talvez as maiores forças que hoje em dia influenciam a nossa sociedade seja 1) o capitalismo², pois a essência desse sistema representa o “TER”, ou seja, quanto mais possuo ou aparento ter mais importância serei na sociedade, e 2) a mídia a qual transmite as notícias e os padrões de sociedade, surgindo a discussão sobre o “Politicamente Correto”. E é por causa desses padrões da sociedade e notícias que muitas essência pessoais foram destruídas, pois às vezes as notícias são divulgadas distorcidas da realidade, e os padrões não correspondem aos desejos reais de cada indivíduo, assim no lugar da essência de vida da pessoa estão sendo construídas “aparências” as quais modificaram e modificam as opiniões pessoais de cada indivíduo, ou seja, os desejos, as decisões a serem escolhidas na vida. Enfim, grandes ilusões que acabam colocando toda sociedade em uma correria por dinheiro, aparência e, implicitamente, para uma vida alienada. Mas isso não significa que o sistema capitalista por ter a essência do “Ter”, e que também leva para o aparentar ter (pois nem todos conseguem “Ter”), seja ruim, pois o que é de fato preciso é ter consciência do funcionamento deste sistema, da mesma forma que precisamos ter consciência da manifestação exagerada das nossas necessidades, para que o exercício da nossa essência pessoal esteja em primeiro lugar, sem infligir a do próximo, e que também possamos combater as notícias falsas difundidas pelas mídias manipuladoras.
Em suma, a teoria sobre “A Perspicácia” tem como objetivo principal libertar a mente de qualquer tipo de escravidão que tente distorcer os fatos e afastar as pessoas das suas essências pessoais. Assim, essa teoria consiste em estudar a essência de cada ambiente e, em certos casos, conforme a personalidade de cada um, aproveitar ao máximo os resultados obtidos nas investigações, mas sempre com equilíbrio, pois, como foi mostrado na história, os sentidos tem um grande poder de criar ilusões conforme a necessidade de cada um; e para estudar a essência de cada situação com eficiência temos que procurar eliminar com todo rigor os preconceitos que afetam a mente humana, isto é, afastar muita das vezes o nosso próprio ponto de vista e as opiniões alheias, pois talvez estejamos bastantes afetados pelas diversas forças sociais. Dado que, naturalmente, quando estamos afetados por essas forças tendemos a interpretar os ambientes de uma forma distorcida da sua essência ou da sua realidade.
SOBRE A IMAGEM: Benedict Cumberbatch interpretando Sherlock Holmes na série “Sherlock” – retirada em: “https://pt.wikipedia.org/wiki/Sherlock_Holmes”
Obs: ¹A palavra “perspicácia” está sendo utilizada fora do seu sentido normal. Aqui estar sendo apresentado uma nova visão, um novo conceito.
² Apresento aqui uma crítica ao capitalismo, pois o dinheiro, a aparência de status, é tudo. Mas não tenho a menor intenção, nem de forma implícita, de defender o sistema Socialista.